O Tempo é o Melhor Band-Aid

Quando eu era menor, eu tinha o costume de cair, pelo menor esforço que eu fazia lá ia eu ao chão. Eu não tinha problema físico algum, só era desajeitada mesmo.

Eu caí incontáveis vezes, e me lembro, que em todas às vezes a minha mãe estava ali para dar um beijo e colocar um band-aid. Eu era fascinada por aquele pedaço de plástico que como mágica transformava uma mancha de sangue em uma casquinha, e eu gostava de ficar cutucando o band-aid para ver o momento em que a casquinha era feita. Eu nunca consegui ver, ele aparecia no meu descuido.

Esses dias eu tinha um machucando onde nunca poderia colocar um band-aid e fiquei triste por isso. 

Como vou saber que no lugar de um machucado que causa dor no meu coração, já tem uma casquinha que me permita tentar ser quem eu era antes?

Cutuquei antes da hora e a dor voltou. Era como se tivesse feito do meu peito sua morada e não permitisse que nenhum band-aid deixasse que  me curasse logo e estivesse pronta para correr e poder fazer um machucado novo.

Eu lembro que quando era menor, considerava-o um artefato mágico que ajudava a esconder e sarar meus machucados, só que eu esqueci que sempre ficava brava ao tirá-los, pois tinha medo da dor voltar mesmo que fossem por 2 segundos. Foi então que percebi que o band-aid não era mágico, o tempo que era. Era só esperar o tempo passar que do machucado viria uma casquinha e da casquinha não viria mais nada, pois já teria esquecido que me machuquei.

Não precisamos tentar curar o coração colocando coisas que escondam a dor, só precisamos esperar o tempo passar. E precisamos rezar para que o tempo seja suficiente para que possamos nos reinventar.