Aquele Velho Casaco

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Na primeira vez que nos vimos, você usava aquele estúpido casaco. Eu fiquei boa parte do encontro pensando porquê diabos alguém veste um casaco para um passeio no parque em um dia ensolarado. Você mantinha suas mãos nos bolsos da frente e só tirou para segurar minhas mãos.

No segundo, terceiro e todos os outros encontros que eu me lembro, você continuava usando o casaco. Finalmente um dia eu tomei coragem e perguntei o porquê e você só me disse que gostava da sensação do tecido no seu corpo.

Eu achei a sua explicação tão estúpida quanto eu achava aquele casaco. E com o passar do tempo, você continuava vestindo. Mesmo depois que lavou errado e mudou a coloração, até mesmo depois que o primeiro furinho apareceu.

A cada dia eu via o casaco envelhecer e você ficar mais apegado ainda, mesmo que ainda usasse-o só em casa. Certos hábitos nunca mudam.

O casaco acompanhou todos os nossos momentos, dos risos ás lágrimas, do amor e das brigas. E quando você me deixou, você não deixou somente a mim, mas também aquele estúpido casaco.

E ele foi o único a ficar de verdade, e eu pude entender aquilo que você tentou me explicar antes. Ele envolvia o corpo como um abraço de um amigo querido. Ele ficou ao meu lado e viu minhas lágrimas. Me mostrou que até os maiores apegos um dia ficam para trás.

Hoje sou eu e um casaco estúpido vivendo em um quarto cheio de lembranças suas.

-Sobre amores que passam e lembranças que ficam