Os Quatro Ventos - Kristin Hannah

Ano: 2022 

Páginas: 384

Editora: Arqueiro

Gêneros: Ficção histórica, Ficção Doméstica

Elsa cresceu sabendo que nunca seria bonita o suficiente, inteligente o suficiente nem amada o suficiente. Sua família sempre garantiu que ela não esqueceria disso.

Quando pequena, ela teve uma febre reumática e os médicos disseram que isso deixou seu coração fragilizado, por isso, ela não teve uma vida como a de garotas da idade dela. Com a cabeça cheia de sonhos, ela decidi ter um ação ousada pelo menos uma vez na vida, já que não teria o futuro que queria. Ela faz um vestido de seda vermelha, corta o cabelo e decide sair para beber, com o período de lei seca e o respeito que os cidadãos tem pelo seu pai, não a deixam nem entrar dentro do bar, mas tudo bem, ela conhece Raff do lado de fora. Filho de imigrantes italianos é o tipo perfeito de gente que seu pai não a quer por perto, mas isso não a impede de ter uma noite com ele e muitas outras.

Com um pequena reviravolta na história, Elsa acaba indo morar com a família de Raff e finalmente encontra o lar que tanto sonhou.

Os Quatro Ventos se passa na Grande Depressão e somos expostos a uma época de pobreza, injustiça social e pela pequena chama da esperança. Logo no começo do livro já somos fisgados pela Elsa que é uma mulher sem experiência e totalmente ignorante da sua força interna. Uma mulher que desde sempre foi condicionada ao papel secundário e aprendeu a não ser notada nem exigir pelo amor. 

O livro é dividido em partes em que a primeira é a apresentação da personagem em que temos o vislumbre dos seus desejos, seus 'erros' e do seu novo começo. Depois vamos para um período sofrido onde o senso de sobrevivência fala mais alto. Momento em que todos anseiam pela chuva e pela volta da prosperidade. Depois vamos pela fuga por algo melhor, maraca pela discriminação, racismo e injustiças deploráveis até chegar na parte do despertar.

Comecei essa leitura em uma leitura coletiva, mas foi impossível seguir o cronograma. Quando comecei a ler, foi impossível me desprender da história. A Kristen Hannah tem uma escrita muito envolvente e descritiva, e é impossível não sentir a areia na sua garganta quando ela está narrando sobre uma tempestade de areia, e também é impossível não se colocar no lugar de cidadãos que foram deixados de lado e tratados como nada.

Um ponto que me pegou muito nessa história foi a relação da Elsa com sua filha Loreda. Elsa abandonou todas os osnhos e aprendeu a amar a vida que tinha, sem desejar outras coisas e a Loreda não conseguia entender essa devoção da mãe pela terra e em como ela encarava todas aquelas provações pelas quais passavam. Fiquei refletindo sobre como é complicado para pessoas na posição de filhos entender que a mãe também é um ser com desejos próprios e sonhos, e que de alguma maneira tem que deixar tudo isso de lado para o bem dos filhos. Fiquei me questionando se em algum momento da vida eu fui um pouco Loreda, com o ar crítico e sem entender que além de mãe, a minha mãe também tinha suas próprias ambições.

Outro ponto tratado nesse livro, é a exclusão social. Temos pessoas migrando para outras partes do país, e quando chegam nesse lugar onde é prometido empregos, segurança e comida, acabam sendo sujeitos a discriminação, empregos análogos a escravidão e sem qualquer chance de questionamento. Eles não são bem vindos em hospitais, escolas e nenhum serviço básico necessário. E em dado ponto da história, começa o comunismo e a importância da mobilização geral para lutar por algo maior. E também mostra o perigo de lutar por algo maior.

O livro tem muitos temas importantes, mas o que mais quer mostrar é a força da Elsa. É como ela acredita em algo melhor para si e para seus filhos. É a jornada pelo futuro e também em descobrir o amor e sua própria voz.

Os Quatro Ventos é um livro para se apegar e saber que os personagens vão continuar te acompanhando mesmo após o fim da leitura.

E você, já leu algo da Kristen?

Beijos